TEATRO
9º ANO DO EF - 3º BIMESTRE
A Linguagem Teatral
Como linguagem artística, o teatro pode se valer de variados elementos de significação para comunicar algo aos espectadores, utilizando-se, principalmente, de signos visuais (os gestos do ator, os adereços de cena, os figurinos, o cenário, a iluminação) e sonoros (o texto, as canções, as músicas, os efeitos sonoros). Há encenações teatrais que utilizam signos olfativos (aromas de perfumes ou essências, cheiro de defumador, odor de alimentos conhecidos etc.) ou signos táteis (em que a realização cênica, – por meio de atores ou de objetos cenográficos, estabelece algum tipo de contato corporal com os espectadores).
As situações de aprendizagem aqui organizadas, por meio de atividades específicas, propõem aos estudantes, fundamentalmente, que apreciem, analisem, identifiquem, reconheçam, investiguem, relacionem e experimentem objetos de conhecimento que se articulam na linguagem teatral, convidando-os a conhecer e a se apropriarem de suas possibilidades comunicacionais, de forma individual, coletiva e colaborativa. Os diversos objetos de conhecimento, que constituem a arte teatral, tornam-se materiais a serem explorados nos processos de investigação da comunicação que se estabelece entre palco e plateia, entre os que agem em cena e os que observam da sala. Os objetos cenográficos, a sonoplastia, a iluminação, os gestos, as construções corporais e vocais, entre outros, são tratados enquanto elementos que participam da constituição de um discurso cênico, e que, como a palavra, tem algo a dizer.
Propõe-se, gradativamente, aos estudantes a percepção de que a linguagem não é só verbal, trabalhando o apuro em mostrar teatralmente uma situação, utilizando elementos de significação para se elaborar uma escrita cênica.
As situações de aprendizagem são, geralmente, programadas com claro encadeamento entre uma atividade e outra, organizando um processo em que um determinado aspecto da linguagem (a palavra, as sonoridades, os objetos, o espaço cênico, a iluminação, as diferentes funções e gêneros teatrais, a construção de personagens etc.), ou um material, ou um tema, ou uma obra de arte será especificamente explorado naquele encontro, fazendo com que esse aspecto específico seja o fio condutor entre as diversas atividades propostas. Assim, o planejamento das atividades pode estimular o estudante a se voltar para um aspecto da linguagem, que será especificamente explorado naquele dia, e estabelecer um rastro perceptível na investigação empreendida, possibilitando que o grupo tenha noção e se aproprie do processo de aprendizagem.
Nas avaliações, os estudantes, seguindo as diretrizes do professor, podem conversar tanto sobre questões relativas às dimensões da vida, problematizando as situações do dia a dia, quanto sobre as resoluções artísticas apresentadas em aula com o intuito de aprimorar a aptidão do grupo para compreensão dos discursos cênicos, de forma mais ampla. Assim, dar a palavra aos estudantes torna-se tão indispensável quanto as próprias atividades, já que eles, com seus comentários e sugestões, colaboram para a produção de conhecimentos. A avaliação vai propiciando aos alunos, aos poucos, apropriação da linguagem teatral, efetivando análises mais criteriosas e refinando a qualidade da sua comunicação com o mundo.
A partir das sondagens e apreciações, o professor pode elencar questionamentos relacionados aos momentos de aprendizagem e, gradualmente, no decorrer do processo, torná-los mais complexos. Aos poucos, os estudantes se sentirão estimulados a conduzir os debates, apropriando-se do processo de aprendizagem.
Nas aulas, deve vigorar um espírito aberto para as ideias dos estudantes. Para isso, o professor precisa reforçar a importância do respeito aos diferentes pontos de vista e à diversidade criativa, contudo não significa que o professor não possa intervir e sugerir outro rumo quando considerar necessário.
A experiência teatral desafia o estudante a analisar e compreender diversos signos presentes em uma encenação. Esse mergulho, na linguagem teatral, provoca a percepção, a criatividade e mobiliza a capacidade de simbolizar. Podemos conceber, assim, que a tomada de consciência se efetiva como leitura de mundo. Apropriar-se da linguagem é ganhar condições para essa leitura.
Arte como experiência da arte.
A percepção sensível do indivíduo, desde a instauração dos ditames da vida moderna, está premida por uma vivência urbana marcada pelos choques do cotidiano, pela padronização gestual, pelo consciente assoberbado e pelo desestímulo à atuação de outras formações da psique. Resta-lhe o empobrecimento da experiência e da linguagem.
As alterações na percepção solicitam procedimentos artísticos modificados para provocar a irrupção da memória involuntária. Somente uma recepção livre de condicionamentos, cujo consciente seja surpreendido, poderia se deixar atingir pelo instante significativo em que, na relação com o objeto artístico, o olhar nos é retribuído, nos toca o íntimo e faz surgir o inadvertido, trazendo à tona experiências cruciais, ou, quem sabe, vislumbres de um futuro proveitoso. O encontro com a arte pode ser pensado, desde então, como intrinsecamente relacionado com a proposição e a produção de experiências.
Situação de Aprendizagem I
Habilidade (EF09AR24): Reconhecer e apreciar artistas, grupos, coletivos e manifestações cênicas do teatro contemporâneo paulistas, brasileiros e estrangeiros, investigando os modos coletivos e colaborativos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
Objetos de conhecimento: Contextos e práticas
● artistas, grupos, coletivos e manifestações cênicas do teatro contemporâneo paulista, brasileiros e estrangeiros
● Processos coletivos e colaborativos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro
Habilidade (EF09AR27): Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.
Objetos de conhecimento: Processos de criação
● formas de dramaturgias
● espaços cênicos
● teatro contemporâneo
Contato com formas de dramaturgias e espaços cênicos, artistas, grupos, coletivos e manifestações cênicas do teatro contemporâneo paulistas, brasileiros e estrangeiros, investigando os modos coletivos e colaborativos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
Conceitos importantes.
Drama - É uma palavra que vem do grego e significa ação. No contexto teatral, é uma história com enredo, personagens principais e secundários, geralmente contempla uma introdução, um certo conflito, um clímax e um final. Escrita pelo dramaturgo com o objetivo específico para uma representação, quer ela seja uma comédia, uma tragédia, um melodrama, uma farsa etc. Em um texto teatral, uma história é contada como uma narrativa.
Dramaturgia Cinematográfica – É toda uma produção voltada ao desenvolvimento de um roteiro, respeitando as contribuições criativas da equipe de trabalho no que diz respeito à estruturação dramática, ao desenvolvimento das personagens, às argumentações, diálogos etc., que vão fomentar toda a complexidade da obra cinematográfica.
Dramaturgia Teatral – É a arte teatral de representar uma história num palco (convencional – tradicional ou não convencional) e o profissional, que protagoniza essa forma de criação, é o dramaturgo, ou seja, a pessoa que faz dramas.
Dramaturgia Televisiva – É a dramaturgia aplicada, especificamente, ao programa televisivo: telenovelas, seriados, programas audiovisuais e outros com função e destaque ao entretenimento.
Espaço Cênico - é o espaço onde a encenação teatral se concretiza. Nele, deverão estar presentes todos os itens necessários para o desenvolvimento do trabalho dos atores e do espetáculo, a boca de cena, o proscênio, as coxias, o palco etc. Dois elementos são, absolutamente, indispensáveis à existência do teatro: ator e público. O espetáculo é uma decorrência natural do encontro de ambos no mesmo espaço, que pode ser um canto de praça, um auditório de escola, um salão de clube ou, até mesmo, um palco especialmente construído e dotado de recursos técnicos apropriados à encenação. Curioso observar, na história do teatro, que o espaço cênico foi sofrendo modificações à medida que foi absorvendo as contingências sociais de cada época, as novas conquistas da técnica etc.
Teatro Contemporâneo – Este é o teatro realizado hoje em todo o mundo. Teve seu início no século XIX, em conformidade com os fundamentos estéticos da época, e se expandiu no século XX com inovações nas concepções, experimentações, tanto nas teorias como nas práticas teatrais e utilizações de recursos tecnológicos e ferramentas digitais.
Para saber mais:
Espaço Cênico. Andreteatro. Disponível em: http://andreteatro.blogspot.com/2011/06/espaco-cenico.html
Teatro em espaço cênico não convencional. Foradopalco. Disponível em: https://foradopalco.wordpress.com/espaco-cenico/
Dramaturgia na arte contemporânea (teatral, televisiva e cinematográfica).
Grupos teatrais e espaços cênicos.
Apreciação de vídeos e imagens (caderno do aluno/professor)
Formas de dramaturgias, espaços cênicos e as mudanças que aconteceram ao longo da história do teatro.
Momento 1 - Espaços cênicos imagens (caderno do aluno/professor)
A Evolução do espaço Cênico. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-S4qjTIA95s
Momento 2 - Formas de dramaturgias - Teatral, cinematográfica e televisiva, imagens (caderno do aluno/professor)
Momento 3 – Grupos de teatro, artistas, grupos, coletivos e manifestações cênicas do teatro contemporâneo paulistas, brasileiros e estrangeiros.
Links:
Esperando Godot - Grupo Garagem 21 - teaser longo. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tYI9W0J9EY0
Grupo Teatrama - Um Ensaio Para a Vida – Documentário. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=0lRxu26CF5c&feature=emb_title
Suspend's. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=M_B9ud6sVcg&feature=emb_title
Édredon / création petite enfance. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watchv=1aKY_wh6YOc&feature=emb_title
Para saber mais:
Enciclopédia escolar virtual Britannica Escola, curadoria da Capes. Verbetes sobre teatro.
Escola.britannica. Disponível em: https://escola.britannica.com.br/pesquisa/artigos/teatro
Dramaturgia. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/artes/dramaturgia/
Dramaturgia - História. Portalsaofrancisco. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/dramaturgia-historia
Teatro Contemporâneo. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/teatro/teatro-contemporaneo/.
Tendências contemporâneas do teatro brasileiro. Scielo.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
40141996000300012.
A Cena Teatral Contemporânea. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=QsGQxPMTTqA
Teatro brasileiro Contemporâneo. Primeiro teatro. Disponível em: https://primeiroteatro.blogspot.com/
Grupos Teatrais no Brasil Contemporâneo. Macunaima. Disponível em: https://www.macunaima.com.br/cadernos/caderno_07/caderno_07_dossie13.pdf
Grupos Teatrais no Brasil Contemporâneo. Unesp. Disponível em:https://www.ia.unesp.br/Home/teatrosemcortinas/grupos-teatrais-no-brasilcontemporaneo. pdf
Grupos de Teatro no Brasil: realidade e diversidade. Galpaocinehorto. Disponível em: http://galpaocinehorto.com.br/wp-content/uploads/2013/09/subtexto4.pdf.
Teatro Contemporâneo. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/teatro/teatro-contemporaneo/.
Enciclopédia Itaú Cultural. Enciclopedia.itaucultural. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/busca?q=Teatro+de+Grupo&categoria=teatro&p=1
Telecurso – Ensino Médio – Teatro – Aula 01. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ADExGcg3etw
Pesquisa, a partir de um roteiro, em livros, revistas, jornais, internet etc. de textos e imagens de artistas, grupos, coletivos e manifestações cênicas do teatro contemporâneo paulista, brasileiros e estrangeiros com foco em como acontece o processo de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.
Realizar a socialização do material pesquisado por meio da confecção e exposição de cartazes ou painéis, criação e exibição de power point, apresentação de seminário etc.
Grupo 1. Grupos de teatro paulista: Grupo Garagem 21, Grupo de Teatro Mambembe etc.
Grupo 2. Grupos de teatro brasileiro: Grupo Gira Mundo, Grupo Galpão etc.
Grupo 3. Grupos de teatro estrangeiro: Grupo argentino Fuerza Bruta, Grupo argentino Timbre 4 etc.
Roteiro de Pesquisa
1. Buscar por informações de como acontece o processo de criação e produção artística (concepção da peça, criação coletiva e/ou colaborativa, seleção/criação de roteiro, fontes de inspiração etc.).
2. Elencar quantos e quem são os integrantes das companhias, e funções exercidas;
3. Indicar as páginas em Sites e/ou Redes sociais, onde as Companhias de Teatro fazem divulgação e circulação do trabalho artístico.
4. Identificar qual a localização desses Grupos de Teatro (cidade, Estado, Pais).
Criar uma cena com uma temática livre, embasados em conceitos contemporâneos de teatro utilizando uma forma de dramaturgia diferente para apresentar a produção. É importante que os grupos utilizem processos coletivos e/ou colaborativos para criar, produzir e divulgar o trabalho.
Conceitos que deverão ser trabalhados:
Os processos coletivos e/ou colaborativos: visam à amplitude do desenvolvimento técnico e artístico dos envolvidos, nos quais todos os agentes do processo, do cinotécnico ao ator, são responsáveis pela criação e execução das cenas, contribuem e participam de forma subjetiva durante toda a criação da obra, de maneira que, no produto final, se possam reconhecer traços da identidade artística e pessoal de cada um. Não existe uma hierarquia rígida.
Grupo 1. Dramaturgia - Teatral : O Drama é uma palavra que vem do grego e significa ação. No contexto teatral, é uma história com enredo geralmente que contempla uma introdução, um clímax e um final. Escrita pelo dramaturgo com o objetivo específico para uma representação, quer ela seja uma comédia, uma tragédia, um melodrama, uma farsa etc.
Grupo 2. Dramaturgia - Televisiva: É a dramaturgia aplicada especificamente ao programa televisivo: telenovelas, seriados, programas audiovisuais e outros com função e destaque ao entretenimento.
Grupo 3. Dramaturgia – Cinematográfica: É toda uma produção voltada ao desenvolvimento de um roteiro, respeitando as contribuições criativas da equipe de trabalho no que diz respeito à estruturação dramática, ao desenvolvimento das personagens, às argumentações, diálogos etc., que vão fomentar toda a complexidade da obra cinematográfica.
Os primeiros teatros foram construídos pelos gregos ao ar livre, sendo que os assentos eram dispostos numa colina inclinada e o palco era apenas um relvado. Os teatros gregos não começaram com atores, mas, sim, com números de canto e dança em honra aos deuses.
Divida a turma em quatro grupos, oriente a confecção de uma maquete de espaços cênicos utilizando materiais recicláveis e/ ou alternativos (papel, papelão, plástico, embalagens, lã, retalhos de tecido, barbante, recortes de madeira, caixas de sapato, tnt, cola, fita adesiva, caixas de embalagens etc.). Antes de distribuir uma temática para cada grupo, fale sobre o conceito de espaço cênico convencional e não convencional.
Espaço cênico - é o espaço onde a encenação teatral se concretiza. Nele, deverão estar presentes todos os itens necessários para desenvolvimento do espetáculo.
O Espaço cênico convencional é composto por:
Plateia – local onde o público assiste à representação
Palco – Local onde se representa
Áreas de serviço - locais onde existem oficinas, por exemplo para construção de cenários, coxia etc.
O Espaço cênico não convencional é composto por:
Ator, Plateia e Cena ocupando o mesmo espaço com momentos de interação ou não.
Grupo1. Teatro de arena: Ele tem uma forma geralmente circular, onde a plateia se localiza em arquibancadas que ficam ao redor do palco.
Grupo 2. Teatro Semi - arena: Ele tem uma forma de semicírculo e a plateia se organiza em arquibancadas também em forma de semicírculo.
Grupo 3. Teatro Elisabetano ou Isabelino: Ele tem o que chamamos de palco misto, que é um espaço tradicionalmente retangular, associado à William Shakespeare. Nele, a plateia se posiciona à frente e dos lados esquerdo e direito do palco.
Grupo 4. Teatro italiano: Ele tem o palco de frente para a plateia, e se divide dela pelo fosso da orquestra. Os assentos na plateia são geralmente individuais. A coxia fica fora de cena.
Grupo 5. Teatro de Rua: O local é determinado pelo grupo de atores dentro do espaço urbano. A plateia se posiciona ao redor dos atores. Utiliza de cenários e adereços de fácil locomoção por conta da localização.
Situação de Aprendizagem II
Habilidade (EF09AR29): Experimentar, de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico, a gestualidade e as construções corporais e vocais de personagens do drama.
Objetos de Conhecimento: Processos de criação
● improvisação teatral
● jogo cênico
● gestualidade e as construções corporais e vocais
● personagens do drama
Habilidade (EF09AR28): Experimentar diferentes funções teatrais (ator, figurinista, aderecista, maquiador/visagista, cenógrafo, iluminador, sonoplasta, produtor, diretor e assessor de imprensa etc.) em processos de trabalho artístico coletivos e colaborativos, e discutir os limites e desafios desse processo de trabalho.
Objetos de Conhecimento: Processos de criação
● funções teatrais (ator, figurinista, aderecista, maquiador/visagista, cenógrafo, iluminador, sonoplasta, produtor, diretor e assessor de imprensa etc.)
● processos de trabalho artístico coletivos e/ou colaborativos
Diferentes funções teatrais (ator, figurinista, aderecista, maquiador/visagista, cenógrafo, iluminador, sonoplasta, produtor, diretor e assessor de imprensa etc.) em processos de trabalho artístico coletivos e colaborativos e discutir os limites e desafios desse processo de trabalho. Também deverá propiciar momentos de experimentação imaginativa de improvisação teatral, no jogo cênico, na gestualidade e nas construções corporais e vocais de personagens do drama.
Conceitos importantes.
Corporeidade – É a maneira como o corpo age e faz, como ele intervém no espaço e no tempo.
Drama - É uma palavra que vem do grego e significa ação. No contexto teatral, é uma história com enredo, personagens principais e secundários e que geralmente contempla uma introdução, um certo conflito, um clímax e um final. Escrita pelo dramaturgo com o objetivo específico para uma representação, quer ela seja uma comédia, uma tragédia, um melodrama, uma farsa etc. Em um texto teatral, uma história é contada como uma narrativa.
Gesto – Em cena, define-se como a atitude que a personagem assume em relação às outras considerando todos os aspectos sociais delas: entonação, movimentos, expressão fisionômica.
Improvisação – É usada, no teatro, como ferramenta na composição de cenas e/ou nas apresentações teatrais. Com ela, os atores experienciam os conceitos de criatividade, expressão corporal, expressão verbal, espaço, tempo, energia e movimento sem inibição, possibilitando a criação de textos exclusivos e inovadores com fluência, uso do espaço, dinâmica e ritmos imprevisíveis, provenientes de seu próprio vocabulário.
Processos de criação coletiva – No teatro, a criação coletiva surge com os grupos teatrais que, nas décadas de 1960 e 1970, associam todos os elementos da encenação, inclusive o texto, em um mesmo processo de autoria com base na experimentação em sala de ensaio.
Improvisação teatral, jogo cênico, gestualidade, construção corporal e vocal de personagens do drama, processos de criação coletivos e/ou colaborativos e profissionais que atuam na criação, montagem e apresentação de um espetáculo teatral.
As profissões ligadas ao teatro são divididas em quatro funções: técnicas, artísticas, de comunicação e imagem e administrativas e que as poéticas, em processos de criação teatral coletiva e/ou colaborativa, acontecem por meio de processo de criação coletiva, pesquisa de linguagem; escolha de temáticas cotidianas; produções cooperativadas; abolição de hierarquia ou divisão rígida do trabalho.
Para saber mais:
Jogos Teatrais - O fichário de Viola Spolin. SlideShare. Disponível em: https://pt.slideshare.net/PIBID_Teatro2014/spolin-jogos-teatraisofichriodeviolaspolin-1
De Jogo em jogo se aprende a Teatrar. Diaadiaeducacao. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2434-6.pdf
Drama. Infoescola. Disponível em: https://www.infoescola.com/artes/drama/
Gênero Dramático. Todamateria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/genero-dramatico/
Profissões relacionadas com o Teatro. Renascer-da-arte. Disponível em: http://renascerda-arte.blogspot.com/2009/03/profissoes-relacionadas-com-o-teatro.html/
Profissões no campo do Teatro. Blogeducartemf. Disponível em:
http://blogeducartemf.blogspot.com/2015/11/campo-do-teatro-essas-profissoesestao.html
Processo Colaborativo: Relato e Reflexões sobre uma Experiência de Criação. Sesi. Disponível em: https://www.sesipr.org.br/nucleodedramaturgia/FreeComponent9545content77392.shtml
Apreciação será dividida em dois momentos: o primeiro com foco na improvisação e na gestualidade da cena e o outro momento, nos profissionais que atuam na criação, montagem e apresentação de um espetáculo teatral.
Momento de Apreciação 1 – Improvisação e gestualidade da cena. Inicie a atividade propondo aos estudantes uma leitura e apreciação das imagens selecionadas de cenas de espetáculos que documentam um detalhe, a atuação do corpo criador, um momento fugaz do espetáculo, pequenos fragmentos de cena, mostrando, talvez, até o que foi perceptível no momento da apresentação do espetáculo. Durante a apreciação, converse sobre improvisação teatral, jogo cênico, gestualidade, construções corporais e vocais de personagens do drama. A conversa com base nessas questões pode revelar o que os estudantes pensam e o que sabem sobre o trabalho do ator com seu corpo. Talvez eles ainda não tenham tido a experiência de ser espectadores de teatro, mas utilizem o que conhecem sobre o trabalho de ator tendo como referência, por exemplo, as atuações na televisão. Seja como for, o importante é chamar sua atenção para a singularidade do corpo criador do ator, que constrói o corpo do personagem por meio de ações físicas, ou seja, por meio de ações do corpo. Explique que para Stanislavski, o ator é “o mestre das ações físicas” e as ações físicas, o elemento-chefe da expressividade no palco. Stanislavski é quem aponta a necessidade do trabalho do ator sobre si mesmo e sobre o personagem. A noção de ação física teve papel central na nova pedagogia teatral, sendo considerada a chave para que a criação e a emoção surgissem no fazer teatral. Em vez de evocar um estado mental ou emocional inicial, Stanislavski entendeu o ator deveria acionar a materialidade de seu corpo: é quando concebe o método das ações físicas. Ou seja, pelas ações do corpo, o ator articula os demais elementos da representação, movendo o processo de criação teatral. Assim, não é sem motivo que a palavra “drama” deriva de “ação” e que o ator é visto como aquele que age, posto que a vida é ação, como também dizia Stanislavski.
Análise de vídeos e imagens
Para saber mais:
Constantin Stanislavski. Infoescola. Disponível em:https://www.infoescola.com/biografias/constantin-stanislavski/
Vida e obra de Constantin Stanislavski. Portaldosatores. Disponível em: https://portaldosatores.com/2017/01/05/vida-e-obra-constantin-stanislavski/
Momento de Apreciação 2 - Apresente o quadro indicado abaixo e converse sobre as funções exercidas pelos profissionais do teatro (ator, figurinista, aderecista,maquiador/visagista, cenógrafo, iluminador, sonoplasta, produtor, diretor, assessor de imprensa etc.) nos processos de trabalho artístico coletivos e colaborativos na criação,montagem e apresentação de espetáculos. Aproveite para discutir os limites e desafios desse processo de trabalho.
Profissões com funções de comunicação e imagem
Assessor de imprensa: Responsável pelas relações de comunicação com o exterior por meio da imprensa; trabalha com os jornalistas e com toda a comunicação social.
Profissões com funções artísticas
Ator: Responsável pela interpretação dramática.
Aderecista: Responsável pela concepção e execução dos adereços de cena (por exemplo, coroas, máscaras, bustos, flores etc.), executando desenhos e/ou projetos que foram solicitados pelo encenador / cenógrafo.
Coreógrafo: Responsável por criar coreografias e movimentações cênicas.
Direção artística: Responsável por organizar toda elaboração e execução.
Figurinista: Responsável por criar e confeccionar o figurino e adereços .
Roteirista Dramaturgo: Responsável por pesquisar informações sobre a temática e escrever o roteiro do espetáculo.
Profissões com funções técnicas
Iluminador: Responsável por pensar e criar um mapa de utilização da luz e operar todo o sistema de iluminação.
Maquiador: Profissional responsável por cuidar e realçar o rosto das pessoas, com o auxílio de produtos cosméticos e o intuito de melhorar a imagem e a aparência dessas pessoas, para que elas possam se sobressair numa produção de arte, ou outro evento qualquer.
Visagista: Profissional responsável pela harmonização das características mais marcantes de uma pessoa, em conformidade com sua personalidade, tipo físico, beleza interior e exterior.
Sonoplasta: Profissional que tem por função realizar efeitos sonoros especiais, criar fundos sonoros, adequar volume e intensidade dos sons, inserir músicas em cenas, criar e misturar ruídos, sons e músicas, além de sensibilizar o ouvinte transmitindo mensagens e mexendo com os sentimentos do outro por meio de sons/músicas utilizadas.
Profissões com funções administrativas
Produtor: Profissional responsável pelas questões administrativas, financeiras e gerenciais de uma produção artística e que tem como objetivo, viabilizar toda a estrutura de um espetáculo, desde a contratação dos atores até da equipe técnica com que vai trabalhar.
Vivenciar a materialidade do corpo participando de jogos de improvisação teatral coletados do Sistema de Viola Spolin, cujas práticas teatrais movem a experiência entre corpo e ação física.
Inicie explicando aos estudantes que mostrar não é um ato de mímica. Mostrar é manter o foco em tornar física a ação de comer, ouvir, pegar ou olhar. É a ação física memorizada no corpo que é comunicada, ao contrário de uma ação subjetiva, que conta uma história sobre a ação de comer, por exemplo.
Divida a turma em quatro grupos e oriente a realização de dois jogos teatrais. Sempre que um grupo se apresentar, os outros grupos serão a plateia. Após o jogo de cada grupo, a plateia verifica se os estudantes-jogadores se comunicaram mostrando. A contribuição da leitura da plateia é dizer se os jogadores mantiveram o foco no jogo ou não. Peça aos estudantes que anotem, como plateia, suas observações e vivências no Caderno. Perceba se os estudantes mostram as ações que estão realizando no aqui-agora do jogo, ou seja, se o corpo faz a ação, em vez de contá-la e se os alunos ficam em ação, em cena, fazendo, e não pensando no que vão fazer. O corpo, sendo material, é convocado a fazer a ação, em vez de pensar em como fazer a ação.
Jogo I - O que estou comendo? Cheirando? Ouvindo? Pegando? Olhando?
Divida a sala em dois grupos. Cada um deles entra em acordo, secretamente, sobre alguma coisa muito simples para comer, cheirar, ouvir, pegar (tato) ou olhar. Então, um grupo atua como plateia e o outro vai para o palco, revezando depois. Cada estudante jogador em cena comunica, à sua maneira, o que está comendo, cheirando, ouvindo, pegando ou olhando. Não há diálogo entre os jogadores. Eles mostram o que estão fazendo por meio do corpo, que faz uma ação física.
Jogo II - O que estou empurrando? Com base no verbo “empurrar”, sugerimos propor diferentes situações de experimentação corporal que envolvam a noção de energia, de esforço, de graus de força física.
Exploração individual: Empurrar objetos de tamanhos, formas, pesos diferentes (mesa, cadeira, cesto de lixo, caixa com livros); empurrá-los devagar, fazendo-os deslizar regularmente, intempestivamente, acelerando, afrouxando, controlando a energia utilizada; empurrá-los à frente com os dois braços (dobrados, esticados), só com uma mão, com um ombro, com um joelho, com as costas etc.; empurrá-los em linha reta, em zigue-zague, seguindo um desenho no chão, subindo um plano inclinado;
Exploração em dupla: Empurrar os objetos juntos, na mesma direção, com o mesmo ritmo, mudando de ponto de apoio (um em cima, outro embaixo; um à direita, outro à esquerda), variando e combinando as posições do corpo, os jogos das pernas, dos braços, as flexões dos joelhos, as torções, os equilíbrios;
Exploração do real ao imaginário (individual ou em dupla): Empurrar uma caixa muito leve (caixa real, de sapato, por exemplo) como se fosse muito pesada (imaginário); empurrar uma cadeira (real) como se fosse um cavalo (ou um elefante, uma vaca) que não quisesse andar (imaginário); empurrar uma mesa (real) como se fosse um carro atolado (imaginário).
Cada uma dessas situações pode ser explorada, também, com os verbos “puxar” e “trazer”.
Ao finalizar os jogos, propicie um momento de interação entre os estudantes para que possam socializar os registros e suas impressões como jogador e como plateia.
Experimentar diferentes funções teatrais na produção e apresentação coletiva e/ou colaborativa de um espetáculo teatral.
Divida a turma em grupos, explique para que sigam o roteiro abaixo e preencham o quadro para organizar e orientar o trabalho dos grupos. Finalizado o espetáculo, proponha um momento de reflexão e discussão de quais são os limites e desafios desse processo de trabalho.
Roteiro:
●Conversar, decidir e preencher a ficha indicando quais componentes do grupo será responsável por exercer as funções teatrais.
●Pesquisar e selecionar em livros ou na internet, o texto dramático que será utilizado na produção teatral.
●Criar os esboços (desenhos) de figurinos, cenários, e os mapas de iluminação.
●Gravar músicas, sons e selecionar objetos e/ou instrumentos musicais para criação da sonoplastia.
●Providenciar uma cópia do texto para que cada “aluno-ator” possa estudar e ensaiar suas falas.
●Organizar um cronograma de apresentação, pensando no tempo, espaço e equipamentos disponíveis.
Espiando o teatro brasileiro, pode-se estudar o surgimento, em meados da década de 1970, de equipes teatrais que mostraram um modo novo de se posicionar na cultura, na sociedade, na política e na arte, por meio do projeto coletivo. Na época, essa forma do fazer teatral era inusitada e oferecia aos jovens artistas independentes a oportunidade de falar em nome próprio, de escolher projetos, de criar textos cênicos de autoria comum, de romper com cânones teatrais, de misturar e contaminar, no fazer teatral, os gêneros épico, lírico e dramático. Em São Paulo, proposta semelhante ao grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone foi desenvolvida pelo grupo Minoga com Folias bíblicas (1977). Da tese de doutorado Os parceiros do Rio Bonito, de Antonio Candido, o grupo teatral Pessoal do Victor, formado pela Escola de Arte Dramática da ECA-USP, que trabalhava em um projeto da Unicamp, gerou uma espécie de “Trate-me Tatu”, encenando Na carreira do divino (1979) com base nas lembranças da cultura caipira vivenciada pelos atores, demolindo o estereótipo do Jeca inventado por Monteiro Lobato em Urupês. Ruth Escobar, em Aqui há ordem e progresso (1980), realizado com presos da Casa de Detenção, observou que, em razão do espetáculo mostrar os problemas daquela instituição, a plateia se identificava intensamente com o que acontecia em cena.
Organize a turma em cinco grupos, distribuindo um tema e orientando-a a adentrar nesse universo do teatro de grupo e criação coletiva pesquisando em livros, revistas, internet etc. as várias referências de grupos teatrais indicadas, a seguir, utilizando o roteiro de pesquisa. Finalizada a pesquisa, solicite que os grupos socializem o que descobriram sobre teatro de grupo e sua compreensão sobre criação coletiva e processos colaborativos.
Para a apresentação da pesquisa, após a coleta de dados, os estudantes podem improvisar pequenas cenas com narrativas que expressam o que eles consideram significativo, aproveitando para mostrar a referência pesquisada. A estrutura quem, o quê, e onde é Foco da improvisação pode ajudar na montagem das cenas.
Temas para pesquisa:
1. Pod Minoga - idealizado por Naum Alves de Souza, em 1972 e que terminou em 1980.
2. Ventoforte - se mantém na ativa e foi fundado em 1974 por Ilo Krugli, argentino radicado no Brasil.
3. Ornitorrinco - fundado em 1977 e que continua na ativa, tendo Cacá Rosset como seu diretor.
4. Teatro Popular União e Olho Vivo – (TUOV), um dos mais antigos grupos de teatro do Brasil e que tem como seus fundadores César Vieira (Idibal Pivetta) e Neriney Moreira, ambos advogados e defensores da arte popular brasileira.
5. Asdrúbal Trouxe o Trombone - Os atores Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Evandro Mesquita e Patrícia Travassos, atuaram neste grupo e Hamilton Vaz Pereira, exerceu a liderança do grupo.
Roteiro de Pesquisa:
1. Qual é a História da criação do grupo.
2.Quem é o criador, ou criadores do Grupo Teatral.
3.Quais são os tipos de textos encenados pelo grupo.
4. Qual é a localidade do Grupo (cidade, região, pais).
5.Como acontece o processo de criação coletiva do grupo.
Situação de Aprendizagem III
Habilidade (EF09AR25): Investigar, identificar e analisar o drama como gênero teatral e a relação entre as linguagens teatral e cinematográfica e as tecnologias digitais em diferentes tempos e espaços, inclusive no contexto paulista e brasileiro, aprimorando a capacidade de apreciação estética teatral.
Objetos de Conhecimento: Contextos e práticas
● drama como gênero teatral
● relação entre as linguagens teatral e cinematográfica
● tecnologias digitais
● diferentes tempos e espaços, inclusive no contexto paulista e brasileiro
● apreciação estética teatral.
Habilidade (EF09AR30): Compor cenas, performances, esquetes e improvisações que problematizem fatos, notícias, temáticas e situações atuais, explorando o drama como gênero teatral, a relação entre as linguagens teatral e cinematográfica e as tecnologias digitais, caracterizando personagens (com figurinos, adereços e maquiagem), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.
Objetos de Conhecimento: Processos de criação
● cenas, performances, esquetes e improvisações
● drama como gênero teatral
● relação entre as linguagens teatral e cinematográfica
● tecnologias digitais
● personagens (com figurinos, adereços e maquiagem)
● cenário, iluminação e sonoplastia
● relação ator com o espectador
Drama como gênero teatral, inclusive no contexto paulista e brasileiro.
Apreciação estética teatral, compondo cenas, performances, esquetes e improvisações que problematizem fatos, notícias, temáticas e situações atuais, explorando o drama como gênero teatral, a relação entre as linguagens teatral e cinematográfica e as tecnologias digitais, caracterizando personagens (com figurinos, adereços e maquiagem), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.
Conceitos importantes.
Gênero teatral - drama - A palavra “drama” vem do grego e significa “ação”, logo é um acontecimento ou situação com intensidade emocional, a qual pode ser representada. No sentido literário, falar de drama é falar de teatro. Este gênero começou com a encenação em cultos a divindades gregas. A princípio, os gregos abordavam apenas dois tipos de peças teatrais: a tragédia e a comédia. Algumas peças são bastante conhecidas e lidas até hoje, por serem marcos da dramaturgia da época: Prometeu acorrentado de Ésquilo; Édipo-rei e Electra de Sófocles; Medéia de Eurípedes e Menandro de Antífanes.
Neste gênero literário, o narrador conta a história enquanto os atores encenam e dialogam por meio das personagens. No texto dramático, não há narrador. A história é narrada por meio das ações dos personagens e de todo o conjunto cênico. Há narrativa, mas não há narrador, exceto nos casos em que ele é personagem Quanto aos estilos literários, esta modalidade literária compreende:
• Tragédia: Representação de um fato trágico que causa catarse a quem assiste, ou seja, provoca alívio emocional da audiência.
• Comédia: Gênero que explora situações do dia a dia, exagera particularidades do comportamento humano e critica costumes de forma bem-humorada, provocando risos no público, durante a representação de um fato cômico.
• Tragicomédia: Gênero dramático que contém, ao mesmo tempo, elementos da tragédia e da comédia.
• Farsa: Gênero que, apesar de ser dramático é cômico, exagerado e extravagante na abordagem de situações cotidianas, valores e relações sociais. Seus personagens são excêntricos e caricatos. Nas farsas, há questionamento de valores, que é construído por meio de alegorias.
Talvez a História da Arte do século XX fique marcada como o momento em que as fronteiras artísticas passaram a ser derrubadas com mais rapidez e ênfase. Surgem trabalhos que não cabem nas definições até então existentes e, não raras vezes, sem qualificativos que definem a produção. Ou seja, não se tem mais a ideia de obra de arte como se tinha antes, e as linguagens da arte passaram a se misturar mais. Nesse sentido, a arte contemporânea tem investido cada vez mais na dissolução das fronteiras entre linguagens artísticas, permeabilizando seus contornos territoriais e criando, assim, zonas de passagem, de transição– hibridismos artísticos. Nesse contexto, vamos abordar uma linguagem teatral contemporânea que vem dando ênfase a formas experimentais que dialogam com imagens geradas por vídeos e por projeções de slides e que atuam sobre o imaginário do espectador, integrando ao palco a estética do filme ou do videoclipe. Iniciar uma conversa sobre as experiências que os estudantes possuem, narrar e rememorar experiências estéticas teatrais e cinematográficas, como espectadores de teatro e de cinema, é um jeito de levá-los a refletir sobre como percebem suas experiências e práticas culturais com as duas linguagens. Nesse momento, é importante valorizar a experiência que os estudantes têm, seja do espetáculo teatral a que assistiram apenas na escola, por exemplo, seja dos filmes que viram somente na televisão,
Apreciação dos vídeo e imagens.
Vídeos: A documentação fotográfica de espetáculos é uma forma de oferecer uma visão sobre uma obra de arte, ao fornecer diferentes referências sobre o espaço, o gestual de ator, os objetos em cena, a cenografia, a iluminação, o figurino, a maquiagem. Para mostrar aos estudantes uma referência sobre a mescla entre as linguagens teatral e cinematográfica, apresente os vídeos indicados, a seguir, com imagens do espetáculo Memória afetiva de um amor esquecido, do grupo carioca Os Dezequilibrados. Essa não é uma escolha aleatória, porque uma das características desse grupo é trazer para o teatro a linguagem cinematográfica. Isso se dá não só com a utilização de elementos como slides, imagens ao vivo e câmeras de projeção, mas também pela teatralização de procedimentos cinematográficos: um foco, uma pose, um travelling.
Links:
Os Dezequilibrados - Vida, o Filme. Youtube Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=cnRmR7DWhWs
Cenas de DOGVILLE. Youtube Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=klTPPI_Xprg
2010 Sin Sangre (Without Blood) - Teatro Cinema.Youtube Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=xNRSDtSVwl0
Vinte mil léguas submarinas. Youtube Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ivAvwYg8rgw
Vinte mil léguas submarinas - Concerto harmonia. Youtube Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6qLJK5nsWeA
O repertório dos estudantes sobre a mescla entre o teatro e o cinema pode ser ampliado por meio de uma pesquisa em grupo, seguindo roteiro proposto. Para isso, divida a turma em três grupos e distribua uma temática indicada para cada um pesquisar textos e imagens em livros, revistas, internet etc. Finalizada a pesquisa, proporcione um momento de socialização de todo o material pesquisado pelos grupos. por meio da confecção de cartazes, painéis, power point etc.
Temas de Pesquisa:
● Filme Dogville, de 2003. No enredo deste filme há um narrador que conta a vida de uma cidadezinha que recebe a visita de uma jovem em busca de abrigo. A moça é bem recebida pela comunidade e, em troca, faz pequenos serviços para seus moradores. Aos poucos, porém, os habitantes, aparentemente amáveis, descobrem que ela está sendo procurada por um bando de gangsters e passam a exibir um lado sombrio, explorando-a e impedindo-a de abandonar a cidade. Um aspecto muito interessante do filme é que o cenário não é realista. Tudo é filmado em um galpão, praticamente sem cenário. A cidade é traçada como uma planta-baixa, desenhada com giz, que demarca letreiros e faixas no chão – rua tal, casa de Fulano etc. Meras indicações. Um cachorro que late o tempo todo também é um desenho com a legenda dog, para não haver dúvidas. Ao longo de todo o filme, é possível ver a vida das pessoas pelas paredes invisíveis, com várias cenas simultâneas. A escolha estética de inserção do cenário invisível (sem paredes, sem janelas, nem portas) ressalta a dramaticidade pela encenação, dominando a cena o efeito poético do gesto dos atores seguido de perto pela simplicidade do movimento da câmera. A cenografia do filme é absolutamente teatral, o que faz dele puro teatro, sem deixar de ser cinema.
● Companhia Teatrocinema e seu espetáculo Sin sangre. Esse espetáculo revela perfeita sintonia entre as imagens, o cenário e a interpretação dos atores no palco.
Para a realização da peça, primeiro foi feita a gravação de um filme, com todos os cenários e personagens. Como a peça é do Chile, os diálogos foram todos legendados em português para a apresentação do grupo no Brasil. Por conta de uma tecnologia inédita, a peça ocorre entre duas telas de projeção. Entre elas, existem trilhos e bases giratórias, que permitem o deslocamento e a montagem de cenários pelo palco. Na encenação, os atores atuam como se estivessem interagindo com o cenário, mas na verdade interagem com uma projeção, ou seja, com algo fictício, pura ficção. O próprio espectador chega a confundir se o personagem é uma projeção ou é real. O grupo chileno Teatrocinema apresentou-se com esse espetáculo, em abril de 2009, no Festival Internacional de Teatro de Curitiba e no projeto América em Recortes, organizado pelo Sesc-SP. O que os alunos podem descobrir sobre esse grupo e seu trabalho cênico com imagens audiovisuais?
● Giramundo Teatro de Bonecos e seu espetáculo 20 mil léguas submarinas. O espetáculo do grupo mineiro Giramundo, 20 mil léguas submarinas, estreou em abril de 2009 no Sesc Pompeia (SP). Neste espetáculo, a videoanimação é empregada como recurso da dramaturgia, por meio de duas animações: a abertura, realizada em stopmotion, e o Nautilus, feito por animação digital. O que os alunos podem descobrir sobre esses modos de animação?
Roteiro de Pesquisa:
1. Buscar informações sobre os pontos de intersecção entre teatro e cinema na obra indicada para o grupo pesquisar.
2. Descrever quais são os pontos de intersecção entre teatro e cinema na obra indicada para o grupo pesquisar.
3. Detalhar como foi a produção técnica dos espetáculos indicados na pesquisa (iluminação, cenário, sonoplastia, uso de tecnologia etc.).
4. Como foi a composição das personagens, utilização de figurinos, adereços etc.
Composição de cenas, performances, esquetes e improvisações, explorando o drama como gênero teatral e a relação com a plateia, seguindo o roteiro de trabalho indicado a seguir.
Grupo 1 - Cena – Cena, no teatro, é uma subdivisão da ação de uma peça (um trecho da narrativa da história) com um conjunto de personagens, atores, coadjuvantes e outros tipos. Várias pessoas fazem parte de uma só história e todos juntos formam o que chamamos de uma cena que tem palavras, movimentos fictícios e tudo mais. Assim como qualquer outra narração possui uma trama ou argumento em que se desenvolve em três tempos ou partes: exposição, clímax e desenlace. A maioria das peças teatrais é composta por três atos que se constituem de uma série de cenas interligadas por uma subdivisão temática. As cenas se dividem conforme as alterações no número de personagens em ação: quando entra ou sai do palco um ator. O cerne ou medula de uma peça são os diálogos entre as personagens.
Grupo 2 - Esquete - Cena curta (tem no máximo duração dez minutos de duração) e, na maioria das vezes, os atores improvisam uma cena com teor cômico, seja no teatro ou na televisão.
Como criar uma Esquete. Wikihow Disponível em: https://pt.wikihow.com/Criar-uma-Esquete
Grupo 3 - Improvisação - Modo de criação realizado sem preparação prévia, mas estruturado sobre regras, que coloca o ator em estado de alerta para agir diante das mais variadas situações. A improvisação estimula o desenvolvimento criativo do ator, de sua espontaneidade, flexibilidade e imaginação dramática. Outro modo, é a improvisação como espetáculo. Nesse sentido, improvisar significa que os atores se colocam diante do público para improvisar uma criação cênica, que não foi previamente ensaiada. O público percebe isso imediatamente e se surpreende ao descobrir que é parte integrante do evento teatral, já que o espetáculo está sendo criado naquele momento ante a presença dos espectadores. Ou mesmo porque, muitas vezes, a base da improvisação surge de sugestões da plateia.
Grupo 4 - Performance - Arte híbrida, espetacular, mix de artes plásticas, visuais e cênicas.
Partindo da investigação de suporte, das assemblages do corpo (body art), dos happenings que enfatizam o acontecimento e do uso de multimídia, a performance propõe modos inventivos em um movimento antiestablishment (contra o que é instituído oficialmente) e antiarte. Surge como live art, que se refere tanto à arte ao vivo, sem representação, quanto à arte viva. A performance estende e desconstrói a tríade da linguagem teatral (ator-texto-público), somando a corporalidade e o teatro de imagens ao texto, alterando as relações de espaço tempo convencionais.
Grupo 5 - Espectador – Aquele que assiste a um espetáculo. Por muito tempo, foi esquecido ou considerado sem importância no seu processo de desenvolvimento, mas, atualmente, é visto como parte da obra, afetando-a e sendo afetado por ela. O efeito de uma performance do artista sobre o espectador está fortemente ligado ao efeito do espectador sobre o artista.
Roteiro:
●Pesquisar e selecionar textos em livros, revistas, internet etc., contendo fatos, notícias, temáticas e situações atuais para compor o roteiro teatral (definir quais componentes do grupo ficarão responsáveis pela escrita do roteiro).
●Definir quais componentes dos grupos ficarão responsáveis pela atuação e caracterizar os personagens com figurinos, adereços e maquiagem.
● Confeccionar cenário utilizando papel, tecido, materiais recicláveis etc.
● Pesquisar músicas e sons para criar a sonoplastia.
●Pesquisar e selecionar materiais para produção da iluminação. Asdrúbal Trouxe o Trombone foi desenvolvida pelo grupo Minoga com Folias bíblicas (1977)
●Pesquisar quais as tecnologias digitais podem ser utilizadas para articular a linguagem teatral e cinematográfica.
●Providenciar materiais e equipamentos necessários para a produção (computador, microfone, máquina fotográfica, filmadora, celular etc.).
●Finalizado o processo de criação, organize, junto com seu professor e outros grupos, um cronograma de apresentações. Asdrúbal Trouxe o Trombone foi desenvolvida pelo grupo Minoga com Folias bíblicas (1977)
●Promova a apresentação de sua produção e realize uma roda de conversa para saber das opiniões de quem assistiu.
Situação de Aprendizagem IV
Habilidade (EF09AR26): Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos do drama, do teatro contemporâneo e do cinema (figurinos, adereços, maquiagem/visagismo, cenário, iluminação e sonoplastia, incluindo o recurso a tecnologias digitais) e reconhecer seus vocabulários.
Objetos de conhecimento: Elementos da linguagem
● acontecimentos cênicos do drama, teatro contemporâneo e do cinema
● figurinos, adereços, maquiagem/visagismo
● cenário, iluminação e sonoplastia
● recursos e tecnologias digitais
● vocabulário teatral
Habilidade Articuladora (EF69AR35): Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.
Objetos de Conhecimento: Arte e Tecnologia
● diferentes tecnologias e recursos digitais
● acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos
Diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos do drama, do teatro contemporâneo e do cinema (figurinos, adereços, maquiagem/visagismo, cenário, iluminação e sonoplastia, incluindo o recurso a tecnologias digitais) e reconhecer seus vocabulários. É importante que você realize registros, durante o desenvolvimento das atividades, para colaborar com os momentos de avaliação e recuperação.
Conceitos importantes.
Links:
Cinema e Teatro. Caderno de cinema. Disponível em:
http://cadernodecinema.com.br/blog/cinema-e-teatro/
Teatralidade e Performatividade na Cena Contemporânea. Portalseer. Disponível em:
https://portalseer.ufba.br/index.php/revteatro/article/download/5391/3860
Apostila de maquiagem. Designvisualuff. Disponível em:
https://designvisualuff.files.wordpress.com/2011/07/apostila_de_maquiagem.pdf
Diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos do drama, do teatro contemporâneo e do cinema. Recursos e tecnologias digitais que eles conhecem e/ou utilizam para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos.
Apreciação de imagens, observar atentamente, cada uma delas e retome a conversa sobre a importância dos diferentes elementos (iluminação, sonoplastia, figurino, adereços etc.) envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos do drama, do teatro contemporâneo e do cinema e de como o uso da tecnologia modificou esta utilização.
Links:
Peça de Teatro Infantil "Asas Para Que te Quero" - Espaço de Arte. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mI7GhXCoXZs.
A Fantástica Jornada de Um Pequeno Príncipe, O Musical - 17/02/2019. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SH2ukHtY0Xw
O Pequeno Príncipe. Youtube. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=bKNVHM2Rxhg
Criação, planejamento e execução de um Projeto artístico envolvendo as linguagens teatrais e cinematográficas. Oriente os estudantes a utilizar todo conhecimento e experiências vivenciadas ao longo deste volume (elementos de intersecção entre teatro e cinema, uso de recursos digitais, gênero teatral – drama, comédia, farsa, definição de papéis e responsabilidades, criação coletiva e colaborativa, elementos constitutivos da cena, diferentes elementos da composição dos acontecimentos cênicos ).
Elaborar um Projeto utilizando o roteiro indicado a seguir.
Finalizada a produção, propicie de um momento de análise e reflexão sobre os modos éticos e responsáveis de acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos.
Elaboração de Projetos
A estrutura básica de um Projeto é dividida em quatro etapas sequenciais:
• Conceituação: Desenvolvimento da ideia central.
• Planejamento: O esboço, o desenho, o rascunho, do projeto.
1. O que você pretende desenvolver? Quais Linguagens artísticas utilizará?
2. Por que pretende realizar o projeto na linguagem artística escolhida?
3. A quem se destinará o produto gerado pelo projeto? Comunidade escolar, pais e/ou
responsáveis, comunidade do entorno da Escola?
4. Quem fará parte da equipe de trabalho para a realização do projeto?
5. De que forma será realizado o projeto?
6. Quais recursos humanos, materiais e financeiros serão necessários?
7. Em que período/data o projeto será realizado?
8. Quanto tempo de duração o projeto terá desde a elaboração até a sua conclusão?
9. Onde será realizado? Na quadra, no pátio, na sala de aula, no anfiteatro da escola etc.
• Execução: A execução de um projeto é o seu processo de criação. Nesta etapa, serão realizados o acompanhamento e o controle das atividades, além dos ajustes, necessários para que tudo dê certo.
• Conclusão: A conclusão de um projeto acontece quando se faz a avaliação, se os objetivos e as metas foram devidamente alcançados, mediante uma roda de conversa, a escrita de um relatório e a análise crítica de todo o processo vivido.
Características de um projeto:
1. Duração limitada: necessariamente tem início, meio e fim.
2. Objetivo específico: tem como foco um objetivo específico, concreto e viável.
3. Recursos limitados: Os recursos humanos, financeiros e materiais de um projeto são limitados e deverão ser previamente definidos.
4. Autonomia: requer uma estrutura administrativa própria.
Referências bibliográficas:
Projetos culturais: Como elaborar, executar e prestar contas. Instituto Alvorada Brasil e Sebrae, 2014. Bibliotecas.sebrae. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/61942d134ba32ed4c25a6439578715ce/$File/5443.pdf
COSTA, Felisberto Sabino da. A poética do ser e não ser: Procedimentos dramatúrgicos do teatro de animação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016. p. 97.
Desgranges, Flávio. A pedagogia do espectador/ Flávio Desgranges. – São Paulo: Hucitec, 2003. Il; - (Teatro; 46).
Feist, Hildegard - Pequena viagem pelo mundo do teatro - São Paulo: Moderna, 2005.
Granero, Vic Vieira. Como usar o teatro na sala de aula/ Vic Vieira Garnero – São Paulo: contextos, 2011.
Pavis,Patrice, 1947 – Dicionário de Teatro/Patrice Pavis; tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria lúcia Pereira. 3. Ed – São Paulo: Perspectiva, 2008.
SÃO PAULO(Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias/Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área, Alice Vieira. – São Paulo: SEE, 2010.
SÃO PAULO(Estado) Secretaria da Educação. Caderno do professor: arte, anos finais/Secretária da Educação: coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Geraldo de Oliveira Suzigan, Gisa Picosque, Jéssica Mami Makino, Miriam Celeste Martins, Sayonara Pereira, São Paulo: SEE, 2009.
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