ARTE - DANÇA - EDUCAÇÃO INCLUSIVA





A Linguagem da Dança
A dança é uma linguagem artística do corpo em movimento. A prática da dança possibilita o desenvolvimento da sensibilidade e da motricidade como pares entrelaçados. O domínio do movimento na dança propicia a ampliação de repertórios gestuais, novas possibilidades de expressão e comunicação de sensações, sentimentos e pensamentos. O refinamento do corpo em movimento encontra-se articulado à expressividade e à criatividade, envolvendo processos de consciência corporal (individual) e social (relacional), assim como processos de memória, imaginação, concepção, e criação em dança nos âmbitos artístico e estético. A dança está presente no salão de baile, nos desfiles de Carnaval, em um encontro de danças urbanas ou na roda de samba na rua, no pátio de uma escola, no palco de um teatro, no cinema e na televisão. As danças têm funções e sentidos ligados ao contexto de acontecimentos e aos sujeitos que a vivenciam e que a desfrutam como público. Pensando em uma dimensão abrangente, acreditamos que todas as pessoas podem dançar.
Se por um lado cada contexto de ensino e aprendizagem da dança tem contornos diferenciados, poderíamos dizer que existe algo comum e importante a ser destacado para o professor que irá percorrer as situações de aprendizagem aqui propostas. Dançar implica em aprender sobre o movimento que aborda: o espaço nas suas relações de direções, níveis e planos; e o tempo nas relações de pulsos, ritmos, pausa e velocidades com e no próprio corpo, tendo a ação e a reflexão sempre presentes.
O ensino da arte na escola não tem a função de oferecer uma formação profissional, mas proporcionar aos estudantes a oportunidade de conhecer, apreciar, criar e viver a dança no ambiente escolar, tendo experiências com sentido e ligadas ao mundo dessa linguagem, expandindo as possibilidades de formação e de participação social.
Estamos então convidando os professores de Arte a enfrentar um desafio: aproximar-se da Dança como uma linguagem artística, procurando pontes com as demais linguagens de seu conhecimento, com suas histórias pessoais de corpo e movimento, e com suas memórias e desejos dançantes, por vezes não manifestos.

Educação Inclusiva - Estudantes com Necessidades Especiais


Todos os estudantes são capazes de aprender. Esse processo é individual e o professor deve estar atento às necessidades individuais e coletivas. Estudantes com deficiência visual e auditiva desenvolvem a linguagem e pensamento conceitual. Os estudantes com deficiência intelectual podem enfrentar mais dificuldade no processo de alfabetização teatral, mas são capazes de desenvolver oralidade, reconhecer sinais gráficos, trabalhar sua gestualidade e a sonoridade dependendo do grau de dificuldade das atividades. É importante valorizar a diversidade e estimular o desempenho sem fazer uso de um único nivelador. A avaliação deve ser feita em relação ao avanço do próprio estudante sem usar critérios comparativos. O princípio de inclusão parte dos direitos de todos à educação, independentemente das diferenças e necessidades individuais, inspirado nos princípios da Declaração de Salamanca (Unesco, 1994) e presente na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva, de 2008. Todos devem saber o que diz a Constituição, mas é essencial conhecer o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de pessoas
com deficiência e com qualquer necessidade especial de frequentarem ambientes educacionais inclusivos. A Lei nº 7.853 estipula a obrigatoriedade de todas as escolas em aceitar matrículas de estudantes com necessidades especiais – e transforma em crime a recusa a esse direito. Aprovada em 1989 e regulamentada em 1999, a lei é clara: todas as crianças têm o mesmo direito à educação. Neste contexto, o professor(a) precisa realizar uma adaptação curricular para atender à diversidade em sala de aula.

Para saber mais:
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível
em:
-05122014&Itemid=30192 . Acesso em: 23 out. 2019.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:

Deficiência auditiva
Estudantes com deficiência auditiva podem ter lacunas na aprendizagem pela ausência de informações. Certamente possuem conhecimentos prévios, são capazes e têm condições de prosseguir aprendendo se forem informados e receberem estímulos de forma sistemática, levando em conta sua diversidade linguística e possibilidades de comunicação. Ao dar explicações ou dirigir-se aos estudantes verifique se estão olhando para você. A maioria se comunica em LIBRAS e pode haver aqueles que fazem uso de aparelhos de ampliação sonora e leitura labial.
Durante a apresentação das atividades, caso não haja um intérprete, você pode explicar para a classe toda utilizando desenhos na lousa para a apropriação dos objetos de conhecimentos convide um estudante para demonstrar o que deve ser feito e fale olhando de frente sempre que possível, demonstrando através de movimentos. Indicamos alguns materiais para você ampliar seu conhecimento de dança na educação:

Para saber mais:
Nome do canal. Aula de dança para deficientes auditivos. Ano de publicação. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=So3HQLMd4o>. Acesso em: 03 fev. 2020.

Sentimos a música através da vibração, diz dançarino surdo. G1 Globo, 2014. Disponível
em: < http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/festival-de-dancajoinville/
2014/noticia/2014/07/sentimos-musica-atraves-da-vibracao-diz-dancarinosurdo.
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/festival-de-dancajoinville/ 2014/noticia/2014/07/sentimos-musica-atraves-da-vibracao-diz-dancarinosurdo. html >. Acesso em: 02 mar. 2020.

VICHESSI, B.; MONROE, C. Alunos surdos cantam, dançam e interpretam na aula de Arte.
Nova Escola, 2010. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1370/alunossurdos-
https://novaescola.org.br/conteudo/1370/alunossurdos- cantam-dancam-e-interpretam-na-aula-de-arte . Acesso em: 30 jan. 2020.

Deficiência visual
O estudante com deficiência visual pode dançar. A dança para esse aluno trabalha muito espacialidade, lateralidade, equilíbrio e autoestima, fazendo com que ele se sinta mais seguro de seu corpo. Ao apresentar a dança para um estudante com deficiência visual, é importante que você seja descritivo e faça essa apresentação de forma clara. É através da descrição que ele entenderá o que está sendo solicitado. Fale pausadamente e calmamente. Tome cuidado com sua entonação vocal, tons muito altos, estridentes, bruscos e violentos podem assustar o deficiente visual. É importante que este aluno se sinta seguro para participar da proposta, portanto, explique-a diversas vezes. Se precisar, solicite que outro aluno faça a posição do que está sendo pedido para que esse estudante que não tem deficiência visual sinta o colega e entenda o que deve ser feito. Estimule o deficiente visual a participar da aula e proponha que outros alunos se coloquem no lugar dele, fazendo algumas atividades adaptadas com o uso de vendas, por exemplo. Esse momento de troca aproxima os colegas e será de grande valia no momento. Acompanhe o aluno durante a atividade, conduzindo a fazer o movimento, mas antes converse com ele quanto ao toque e a receptividade dele.

Para saber mais:
PEREZ, S. et al. Inserção Do Deficiente Visual Na Dança. In: VIII Encontro da Associação
Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial, 2013, cidade, estado. – “Disponível em
http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/AT01-
http://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/AT01- 2013/AT01-073.pdf . Acesso em 03 fev. 2020.

LOTÉRIO, L. Balé de cegos: fizemos aula com pessoas que dançam para desafiar suas
deficiências. Vix. Disponível em: https://www.vix.com/pt/inspiracao/543882/bale-decegos-
https://www.vix.com/pt/inspiracao/543882/bale-decegos- fiz-uma-aula-com-pessoas-que-dancam-para-desafiar-suas-deficiencias. Acesso em: 11 fev. 2020.

Desvendando o poder da dança para pessoas com deficiência visual. Repórter UNESP, 2018.
Disponível em: http://reporterunesp.jor.br/2018/04/10/danca-deficienciavisual/.

Deficiência motora
Incluir os estudantes com deficiência motora se faz necessário num universo de dança. As
limitações físicas destes estudantes não os impedem de dançar. Cabe ao professor estimulálos
e torná-los conscientes de que seu corpo também dança.
A dança eleva a autoestima e os movimentos podem ser adaptados caso a caso. Inclua o
aluno no processo de dança, sempre respeitando seus tempos e espaços e adaptando as
atividades propostas para a inclusão dele.

Para saber mais
Nome do canal. Programa especial- aula de dança com a Andef – Associação Niteroiense
dos Deficientes Físicos. Inserir o ano de publicação. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=eob3mmM0d7c-. Acesso em: 03 fev. 2020.

ALMEIDA, V. A Dança e a Inclusão de Alunos com Necessidades Especiais. Valeria
Almeida, 2016. Disponível em: https://www.valmeida.pro.br/blog-dinamico/45-a-dancae-
https://www.valmeida.pro.br/blog-dinamico/45-a-dancae- a-inclusao-de-alunos-com-necessidades-especiais. Acesso em: 11 fev. 2020.

Avaliação e recuperação
A avaliação e recuperação proposta neste material é diagnóstica, iniciando com a ação do professor ao investigar o que os estudantes conhecem ou não acerca dos objetos de conhecimento que serão abordados; e processual em todos os momentos de prática pedagógica, nos quais podemos incluir diferentes maneiras de acompanhar, avaliar e recuperar as aprendizagens. Nesta concepção de avaliação e recuperação em Arte, é importante adotar a postura de não estabelecer critérios de comparação, oferecer possibilidades para que os estudantes alcancem os objetivos esperados e estar atento às dificuldades expostas na realização das atividades para propor soluções.
O fator sócio emocional, presente em todos os momentos de aprendizagem em agrupamentos produtivos, tem em vista a formação integral do estudante. É importante frisar que o tempo necessário para o desenvolvimento das habilidades, por meio de situações de aprendizagem, pode variar entre uma turma e outra, mesmo que ambas sejam da mesma etapa.
Recomendamos a prática diária do registro, em um portfólio, como importante ferramenta para acompanhar os avanços e dificuldades no desenvolvimento de habilidades e apropriação dos conhecimentos, observação dos processos criativos, relação com os colegas, participação, empenho, respeito pela produção individual, coletiva e colaborativa, autoconfiança, valorização das diferentes expressões artísticas, reconhecimento de que todos os obstáculos e desacertos podem ser superados. Ele é uma ferramenta importante para a retomada das aulas anteriores, recuperando e avaliando a turma, proporcionando aos estudantes com dificuldades, deficiência ou até mesmo faltosos, a oportunidade de construir e ampliar sua própria aprendizagem, em colaboração com toda a turma e a mediação do professor, além de propiciar aos estudantes com altas habilidades ou superdotação a participação na aprendizagem dos demais colegas.
Nessa prática, você poderá registrar as considerações e suposições inteligentes dos estudantes, que ocorrerão durante as rodas de conversas iniciais ou de fechamento das aulas, considerando, alinhando e direcionando, o desenvolvimento produtivo das atividades.
Dessa forma, o resultado das avaliações oferecerá os elementos necessários para analisar seu planejamento, replanejar, se necessário, realizar o acompanhamento individual e elaborar propostas de recuperação das aprendizagens durante todo o ano letivo.

Para saber mais:
CASTRO, H. Como Elaborar um Portfólio Artístico. Belas Artes. Disponível em:
https://belas.art.br/como-elaborar-um-portifolio-artistico/. Acesso em: 20 jan. 2020.
10 modelos de portfólio. Fabio Lobo. Disponível em: https://www.fabiolobo.com.br/10-
modelos-de-portfolio.html#Crie_um_portfolio. Acesso em: 20 jan. 2020.
Como Montar um Portfólio de Arte. Wikihow. Disponível em:
https://pt.wikihow.com/Montar-um-Portf%C3%B3lio-de-Arte. Acesso em: 20 jan. 2020.

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